“Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani

O objetivo desse artigo é analisar a presença de movimentos pentecostais e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente Guarani, na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via de regra, prevalecem perspectivas antropológicas mais “funcion...

Descripción completa

Detalles Bibliográficos
Autor principal: Reis, Gustavo Soldati
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Editora da Universidade Federal da Grande Dourados 2017
Materias:
Acceso en línea:https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/7602
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/75485
Descripción
Sumario:O objetivo desse artigo é analisar a presença de movimentos pentecostais e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente Guarani, na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via de regra, prevalecem perspectivas antropológicas mais “funcionalistas” que focam a presença de missionamentos pentecostais nas aldeias como agências “lacunares”, ou seja, só ocupam os espaços históricos e sociais onde a religião tradicional não encontra mais as condições necessárias para se reproduzir (BRAND & VIETTA, 2004). Assim, as igrejas e movimentos pentecostais assumem funções antes atribuídas à tradição de conhecimento nativo. Sem querer desconsiderar as importantes contribuições dessas análises, a perspectiva aqui proposta procura outras direções. Uma dessas direções, com o auxílio dos estudos culturais, é perceber como os próprios indígenas apropriam-se do “universo simbólico” de produção de sentido posto pelas tradições pentecostais e “reinventam” suas experiências religiosas, em uma dialética entre táticas construídas e estratégias prescritas, tal como postulada por Michel de Certeau. Com isso, além da procura por homologias entre funções religiosas tradicionais e pentecostais, é importante interpretar as heterologias, ou seja, os discursos e práticas que instauram diferenças para as produções de sentido, “rupturas de mediações” que geram novos espaços religiosos (CERTEAU, 2003; 2005; 2006). A presença pentecostal nos aldeamentos radicaliza, por hipótese, o jogo dialético entre tradições e traduções religiosas (HALL, 2006), onde o protagonismo Guarani reinventa o seu jeito de ser religiosamente plural (teko retã), ao mesmo tempo em que os pentecostalismos são, também, profundamente ressignificados.