Sombra severa: a obra secular de Raimundo Carrero

Em Sombra severa, quarto título carreriano, lançado em 1986, o escritor sertanejo incorpora não apenas cartas à narrativa, caracterizando personagens e dando sentido à ficção, como também faz uso – de modo por vezes invertido – de nomes e circunstâncias dos Testamentos. O irmão de Abel, por exemplo,...

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Detalles Bibliográficos
Autor principal: Amorim, Cristiane Teixeira
Otros Autores: CNPq
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2013
Materias:
Acceso en línea:https://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/soletras/article/view/6213
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/55908
Descripción
Sumario:Em Sombra severa, quarto título carreriano, lançado em 1986, o escritor sertanejo incorpora não apenas cartas à narrativa, caracterizando personagens e dando sentido à ficção, como também faz uso – de modo por vezes invertido – de nomes e circunstâncias dos Testamentos. O irmão de Abel, por exemplo, na trama carreriana, apesar de invejá-lo e matá-lo como ocorre no Gênesis, se chama Judas e não Caim. Logo, neste caso, o diálogo se dá não apenas entre a prosa do autor pernambucano e determinada passagem das Escrituras, mas entre Sombra severa e os trechos relacionados a Caim/Abel e Judas/Cristo. Mesclando os universos cristão e pagão, o ficcionista elabora um jogo textual com contínuos desdobramentos interpretativos. Este trabalho procura, portanto, “desembaralhar” parcialmente a trama, pela análise, sobretudo, das inúmeras referências bíblicas que dão corpo ao romance, na intenção última de evidenciar a tese de que o homem (de todos os tempos e lugares) é sempre o mesmo, culpado e inocente, prisioneiro da continuidade cíclica (“correspondência e reintegração”) da existência. O texto de Ormindo Pires Filho, “Elementos religiosos em Raimundo Carrero”, publicado em 1988, no Diário de Pernambuco, também auxilia nesta análise das relações intertextuais que fazem, de Sombra severa, prosa secular – imersa no sagrado e profana –, símbolo da repetição ininterrupta das mesmas ações humanas, motivadas pelos mesmos contraditórios sentimentos, através dos séculos. DOI 10.12957/soletras.2013.6213