A inflexão neoliberal vista da perspectiva latino-americana : a expansão do conhecimento gerencial no Brasil como imposição cultural

A literatura contemporânea sobre a expansão do conhecimento gerencial, quando construída a partir de uma perspectiva histórica centrada na Europa e nos Estados Unidos, costuma assumir como marco temporal para a “guinada gerencial" a emergência do neoliberalismo a partir do final dos anos 1970,...

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Detalles Bibliográficos
Autor principal: Caramez Carlotto, Maria
Formato: documento de conferencia
Lenguaje:Español
Publicado: 2021
Materias:
Acceso en línea:http://bdigital.uncu.edu.ar/17118
Descripción
Sumario:A literatura contemporânea sobre a expansão do conhecimento gerencial, quando construída a partir de uma perspectiva histórica centrada na Europa e nos Estados Unidos, costuma assumir como marco temporal para a “guinada gerencial" a emergência do neoliberalismo a partir do final dos anos 1970, início dos 1980. Embora seja evidente que a expansão do conhecimento gerencial ganhou impulso com a difusão das políticas neoliberais das décadas de 1980 e 1990, é importante notar que, da perspectiva de quem analisa essas mudanças desde a América Latina, o processo é distinto. Como demonstram as análises de Dezalay e Garth, os países latino-americanos passaram a funcionar, desde os anos 1950, como um “terreno de experimentação" de saberes de Estado associados a uma visão neoclássica do desenvolvimento, com destaque para o conhecimento gerencial. A constituição desse “mercado de exportação de expertises" foi resultado direto das estratégias de hegemonia norte-americana durante a Guerra Fria, associadas às disputas acadêmicas e aos embates que opunham, no cenário político latino-americano, frações das suas elites nacionais, cada vez mais internacionalizadas. Partindo desse referencial, o presente artigo pretende analisar a importação do conhecimento gerencial no Brasil a partir da criação dos primeiros cursos de gestão do país, nos anos 1950, passando pelos acordos de cooperação Brasil-Estados Unidos para “capacitação administrativa" dos 1960 e 1970, até chegar à expansão dos cursos superior de gestão ao longo dos 1980 e 1990, quando este se tornou o principal do país em número de matrículas.O objetivo é mostrar que a expansão do conhecimento gerencial no Brasil não foi mero transplante de mudanças que aconteceram antes na Europa e nos Estados Unidos, tampouco resultado de uma conversão súbita às receitas econômicas difundidas nos anos 1980, mas sim o produto de um longo e trabalhoso processo de mposição cultural que é antes causa do que consequência do neoliberalismo.