Sumario: | Nos últimos anos, as abelhas vêm sofrendo um declínio populacional que afeta os serviços ecossistêmicos de polinização, dentre os fatores desse declínio estão os agrotóxicos. Com o objetivo de avaliar o efeito da exposição a uma mistura do inseticida clotianidina e do fungicida piraclostrobina no desenvolvimento de Apis mellifera africanizada, larvas de primeiro instar obtidas de três colônias foram transferidas para cúpulas com dieta artificial padronizada. Realizou-se exposição repetida por via oral nas larvas, do terceiro ao sexto dia do bioensaio. O consumo total do inseticida foi de 0,2364 ng/larva e do fungicida de 23,63 ng/larva. Avaliou-se a longevidade das abelhas emergidas e realizou a caracterização química dos compostos por infravermelho. Os agrotóxicos não apresentaram efeitos deletérios nas larvas e pupas. Entretanto, as abelhas expostas ao inseticida isolado e aos dois agrotóxicos combinados apresentaram redução na longevidade dos adultos emergidos (p<0,01). O decréscimo no tempo de sobrevivência foi maior no grupo exposto apenas ao inseticida, sendo que a presença do fungicida no grupo co-exposto atenuou este decréscimo na longevidade, possivelmente por uma interação dos compostos químicos dos agrotóxicos, evidenciada pela mudança no padrão do espectrograma. O fungicida isolado não alterou a longevidade das abelhas (p>0,1). A co-exposição pode ter diminuído a toxicidade do inseticida por meio de interações químicas e/ou facilitado o processo de desintoxicação destes xenobióticos no organismo, reduzindo a mortalidade. Do ponto de vista da dinâmica populacional da colônia, estes dados são preocupantes, visto que as concentrações dos agrotóxicos foram encontradas nos recursos alimentares das abelhas
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