Sumario: | Este artigo visa compreender de que maneira as ditaduras civil-militares brasileira (1964-1985) e chilena (1973-1990) modificaram o ensino público superior e a estrutura universitária dos respectivos países. Este trabalho foi realizado com base em pesquisas realizadas durante participação na Comissão da Memória e Verdade da Universidade Federal de Santa Catarina, em arquivos da Universidade e bibliografias específicas; e durante estágio no arquivo e centro de pesquisa do Museo de la Memoria y los Derechos Humanos, em Santiago do Chile, no primeiro semestre de 2017. Desta forma, o presente artigo divide-se em quatro partes. A primeira faz um resgate dos movimentos prévios pela democratização e reforma do ensino superior, como o Manifesto de Córdoba de 1918 e a articulação popular pela Reforma Universitária nos governos democráticos da década de 1960. A segunda explora o projeto de educação superior com viés neoliberal implementado pelas ditaduras do Cone Sul por intermédio de agências estadunidenses. A terceira e a quarta partes descrevem e analisam a implementação de políticas e legislação voltadas à educação superior do Brasil e do Chile durante as ditaduras civil-militares. Apesar de parecidos, no Chile o processo de desmonte do ensino público superior deu-se de maneira mais definitiva do que no caso brasileiro; as leis e reformas impactaram estruturalmente o ensino superior chileno, de maneira que a estrutura do ensino superior - que deixou de ser gratuito durante a ditadura - manteve-se praticamente intacta com a redemocratização. No Brasil, a mercantilização da educação não chegou a ser tão profunda, apesar de haverem sido lançadas as bases para sua posterior transformação.
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