A transição pacífica: um parto institucional muito doloroso : entrevista a Hugo Chávez

Enquanto a organização popular cresce de dia para dia, a oposição — embora dividida quanto à táctica a seguir e carente de uma liderança aglutinadora — persiste na sua ânsia por afastar Chávez de Miraflores. Surda às chamadas ao diálogo nacional propiciado pelo governo e debilitado o cenário do gol...

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Detalles Bibliográficos
Autor principal: Harnecker, Marta
Formato: Artículo
Publicado: 2021
Materias:
Acceso en línea:https://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/8502
Descripción
Sumario:Enquanto a organização popular cresce de dia para dia, a oposição — embora dividida quanto à táctica a seguir e carente de uma liderança aglutinadora — persiste na sua ânsia por afastar Chávez de Miraflores. Surda às chamadas ao diálogo nacional propiciado pelo governo e debilitado o cenário do golpe militar perante o rotundo fracasso da tentativa de destituir o presidente da República por essa via, a direita começou a montar uma estratégia institucional para realizar o seu objectivo. Tenta criar uma correlação de forças desfavorável ao governo na Assembleia Nacional que lhe permita destituir o fiscal geral da República, principal travão para avançar neste caminho, já que sem o seu beneplácito não é possível nenhum processo contra o presidente da República. Por seu lado, Luis Miquilena, antigo aliado e peça chave da articulação política do bloco bolivariano nas contendas eleitorais que dão um esmagador triunfo ao presidente e aos quadros que se identificam com o seu projecto na Assembleia Nacional, nos governos estaduais e municípios, tornou-se um dos líderes da oposição e arrastou consigo a maior parte dos quadros que devem os seus cargos no aparelho de Estado à sua influência, o que está a redundar numa situação bem difícil para o governo em que a correlação de forças se refere tanto na Fiscalía Geral da República como no Tribunal Supremo de Justiça que tem de se pronunciar nestes dias sobre os julgamentos aos militares golpistas. Para um observador superficial o governo parece ter caído na sua própria cilada. A nova institucionalidade criada não será o cavalo de Tróia que permitirá minar por dentro o processo revolucionário bolivariano? O que fazer se o Tribunal Supremo declarar que não há razões para julgar os militares golpistas? O leitor poderá encontrar resposta a esta e outras interrogações neste texto onde Hugo Chávez aponta com grande honestidade os sucessos e as fraquezas do actual processo de transformações políticas que está a viver a Venezuela de hoje. Trata-se de mais um capítulo que adiantamos de um livro em preparação.