O papel do método no ensino: da maiêutica socrática à terapia wittgensteiniana

Este texto tem como objetivo apontar para algumas das confusões advindas da crença de professores na existência de significados extralinguísticos a serem descobertos ou construídos pelos alunos através da aplicação de um método. Sob a inspiração das reflexões de Wittgenstein sobre a função constitut...

Descripción completa

Detalles Bibliográficos
Autor principal: Gottschalk, Cristiane Maria Cornelia
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Universidade Estadual de Campinas 2010
Materias:
Acceso en línea:https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/842
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/66711
Descripción
Sumario:Este texto tem como objetivo apontar para algumas das confusões advindas da crença de professores na existência de significados extralinguísticos a serem descobertos ou construídos pelos alunos através da aplicação de um método. Sob a inspiração das reflexões de Wittgenstein sobre a função constitutiva da linguagem na construção dos sentidos, proponho um outro olhar para o papel do método no processo de aprendizagem: não como um procedimento que conduz o aluno a verdades prévias, a exemplo da maiêutica socrática, presente sob outros matizes nas atuais teorias de ensino e aprendizagem; mas como meio de apresentação de nossas convenções linguísticas. Esta mudança de perspectiva foi possível a partir da crítica de Wittgenstein à exigência de exatidão conceitual (já presente nos diálogos platônicos) como condição de construção de um conhecimento legítimo, sugerindo em seu lugar uma nova atitude filosófica, com implicações para o ensino escolar. Sua reflexão sobre dois modos básicos de uso de nossas expressões linguísticas (um normativo e outro descritivo) pressupõe formas diferentes de transmissão dos conteúdos: ora como instrução de regras, ora como uma atividade que envolve justificação, questionamentos e experimentação empírica.