Sobre sujeitos racionais e apaixonados

Desde seu nascimento, a Retórica convive com um cisma insuperável: de um lado, Platão afirma que o orador deve buscar o bom e o verdadeiro; tem de seguir a lógica e sustentar-se com um discurso sóbrio, no qual prevalece a razão, o logos, e para o qual as coisas interessam pelo que são em si mesmas....

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Detalles Bibliográficos
Autor principal: Cruz, Dílson Ferreira da
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: UNESP 2009
Materias:
Acceso en línea:https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/2124
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/63902
Descripción
Sumario:Desde seu nascimento, a Retórica convive com um cisma insuperável: de um lado, Platão afirma que o orador deve buscar o bom e o verdadeiro; tem de seguir a lógica e sustentar-se com um discurso sóbrio, no qual prevalece a razão, o logos, e para o qual as coisas interessam pelo que são em si mesmas. No outro extremo da ágora está Cícero, para quem a Retórica não tem que procurar pela essência de nada, mas fazer com que a opinião do orador, seja ela verdadeira ou não, passe a ser também a do auditório. Para tanto, a lógica, tão acalentada por Platão, é de bem pouca valia, pois o orador, se quiser ter sucesso, deve levar os corações da cólera à doçura ou desta àquela. Como se vê, é uma retórica alicerçada sobre o pathos, ou, como diriam os semioticistas, no estado das almas. Este artigo se propõe a pensar essa questão utilizando o instrumental da semiótica dita tensiva com o objetivo de mostrar que, no discurso do grego, predominam as valências ligadas à extensidade, ao inteligível, às características dos objetos; ao passo que, nos ensinamentos do romano, são as valências relacionadas à intensidade, ao sensível, que se destacam.