Homines in extremis: o que pesquisadores-lutadores nos ensinam sobre o habitus

Utilizo aqui a coletânea de etnografias carnais das artes marciais e esportes de combate, organizada por Raul Sanchez e Dale Spencer sob o título Fighting Scholars (2013), para chamar atenção para a fecundidade do uso do conceito de habitus como objeto empírico (explanandum) e como método de investi...

Descripción completa

Detalles Bibliográficos
Autor principal: Wacquant, Loic
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Universidade Federal de Pernambuco 2015
Acceso en línea:https://periodicos.ufpe.br/revistas/revsocio/article/view/235595
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/58671
Descripción
Sumario:Utilizo aqui a coletânea de etnografias carnais das artes marciais e esportes de combate, organizada por Raul Sanchez e Dale Spencer sob o título Fighting Scholars (2013), para chamar atenção para a fecundidade do uso do conceito de habitus como objeto empírico (explanandum) e como método de investigação (modus cognitionis). O estudo encarnado da incorporação dá suporte a cinco proposições que esclarecem equívocos persistentes sobre o habitus e fortalecem a teoria disposicional da ação de Pierre Bourdieu: (1) longe de ser uma “caixa-preta”, o habitus é completamente aberto à investigação empírica; (2) a distinção entre habitus primário (genérico) e secundário (específico) nos permite capturar a maleabilidade das disposições; (3) o habitus é composto de elementos cognitivos, conativos e afetivos: categorias, habilidades e desejos; (4) o habitus nos permite transformar a carnalidade como problema em recurso para a produção do conhecimento sociológico, e (5) dessa maneira, perceber que todos os agentes sociais são, assim como os lutadores, seres sofredores, coletivamente engajados em atividades encarnadas encenadas em círculos de compromissos compartilhados. Palavras-chave:Habitus. Bourdieu. Corpo. Artes marciais. Sociologia carnal.   HOMINES IN EXTREMIS: The Lessons of Fighting Scholars.AbstractI use the collection of “carnal ethnographies” of martial arts and combat sports assembled by Raul Sanchez and Dale Spencer under the title Fighting Scholars to spotlight the fruitfulness of deploying habitus as both empirical object (explanandum) and method of inquiry (modus cognitionis). The incarnate study of incarnation supports five propositions that clear up tenacious misconceptions about habitus and bolster Bourdieu’s dispositional theory of action: (1) far from being a “black box,” habitus is fully amenable to empirical inquiry; (2) the distinction between primary (generic) and secondary (specific) habitus enables us to capture the malleability of dispositions; (3) habitus is composed of cognitive, conative and affective elements: categories, skills, and desires; (4) habitus allows us to turn carnality from problem to resource for the production of sociological knowledge, and (5) thus to realize that all social agents are, like martial artists, suffering beings collectively engaged in embodied activities staged inside circles of shared commitments. KeywordsHabitus. Bourdieu. Body. Martial arts. Carnal sociology