CAPÍTULO II - DO MUSEU E DA MUSEOLOGIA

A História da Homem e a História das instituições por ele criadas parecem cruzar-se e confundir-se num contínuo devir, delas se retirando explicações, entendimentos e lições acerca de Um e de Outras. Pela evolução de um se compreende o surgimento da outra. No nascimento da outra reside implacavelmen...

Descripción completa

Detalles Bibliográficos
Autor principal: Menezes, Susana
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Edições Universitárias Lusófonas 2009
Acceso en línea:https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/431
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/48615
Descripción
Sumario:A História da Homem e a História das instituições por ele criadas parecem cruzar-se e confundir-se num contínuo devir, delas se retirando explicações, entendimentos e lições acerca de Um e de Outras. Pela evolução de um se compreende o surgimento da outra. No nascimento da outra reside implacavelmente a indelével marca do estádio de desenvolvimento do primeiro. Por isso, quantas vezes conhecer e compreender um é inevitavelmente compreender e conhecer o outro. As instituições, simultaneamente, absorvem e reflectem todas as ideologias e idiossincrasias, crenças e mitologias que estruturam a Humanidade, nelas radicando, a par e passo, para o bem e para o mal, a génese do pensamento humano. E este, por sua vez, espraia-se narcísica e orgulhosamente nas instituições que afinal, são sempre, e tão só, por ele criadas, para porta-voz de si mesmo. Que dizer então da instituição que é, talvez de forma mais assumida, o espaço próprio desse narcisismo humano? Como entender este espaço de contemplação e adoração de si? Este espaço de criação e recriação do Homem, de contínua re-visitação de si mesmo? Do espaço no qual ele olha e vê, sente e pressente, aquilo que ele próprio é, cria, produz, porque um dia foi, criou, produziu? É o indivíduo a olhar o Homem num espelho de água que reflecte apenas e tão só ele próprio. É o indivíduo a apaixonar-se pela imagem de si e da sua criação. E a glorificá-la, ora preservando-a do esquecimento ora enclausurando-a nesse mesmo espaço repleto de esquecimentos, num quase perverso jogo de poder que afinal, como nos dirá Mário Chagas, é sempre um “poder semeador e promotor de memórias e esquecimentos”, no que nisto há de trágico e simultaneamente necessário para a sua sobrevivência. Porque, como nos diz ainda Chagas, “a preservação e a destruição, ou de outro modo, a conservação e a perda, caminham de mãos dadas pelas artérias da vida. Como sugere Nietzche (1999, p. 273) é impossível viver sem a perda, é inteiramente impossível viver sem que a destruição jogue o seu jogo e impulsione a dinâmica da vida.”