TRANSTORNOS DEPRESSIVOS E CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO

O objetivo do artigo é mostrar como a evolução da nosologia psiquiátrica da depressão pode relacionar-se com determinadas demandas do capitalismo contemporâneo. Primeiro, investigamos as concepções de transtornos depressivos desde a terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos...

Descripción completa

Detalles Bibliográficos
Autor principal: Corbanezi, Elton Rogerio
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Universidade Federal da Bahia 2019
Materias:
Acceso en línea:https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/20059
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/39751
Descripción
Sumario:O objetivo do artigo é mostrar como a evolução da nosologia psiquiátrica da depressão pode relacionar-se com determinadas demandas do capitalismo contemporâneo. Primeiro, investigamos as concepções de transtornos depressivos desde a terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), que instaurou o paradigma psiquiátrico vigente até nossos dias, enfocando especialmente as duas últimas versões (DSM-IV-TR e DSM-5). Ao lado da Classificação Internacional de Doenças da OMS, as edições recentes do manual constituem os principais sistemas classificatórios de psiquiatria, orientando a prática clínica e embasando conceitualmente a ideia atual de epidemia depressiva. Em seguida, fazemos ver como a teoria econômica do capital humano, elaborada por economistas neoliberais da Escola de Chicago, se converte em valor social que, aceito e disseminado amplamente, orienta a conduta de vida dos indivíduos tanto em sociedades liberais avançadas quanto nas terceiro-mundistas. Pretendemos sustentar, assim, que a sistemática ramificação e flexibilização dos transtornos depressivos, as quais estabelecem como patológico formas tênues de sofrimento, correspondem à lógica de intensificação do desempenho de determinadas capacidades individuais imprescindíveis ao capitalismo contemporâneo.DEPRESSIVE DISORDERS AND CONTEMPORARY CAPITALISMThis article aims to show how the evolution of psychiatric nosology of depression may to relate to certain requirements of contemporary capitalism. First, we investigate the conceptions of depressive disorders from the third edition of Diagnostic and Statistical Manuals of Mental Disorders (DSM), which established the current psychiatric paradigm, focusing especially on the last two versions (DSM-IV and DSM-5). Along with International Classification of Diseases by WHO, the recent editions of manual are the main classification systems of psychiatry, guiding clinical practice and conceptually basing the current idea of depressive epidemic. Then we show how the economic theory of human capital, developed by neoliberal economists of the Chicago School, becomes a social value that, widely accepted and disseminated, guides the conduct of life of individuals in advanced liberal societies and in Third World societies. Therefore, we affirm that the systematic ramification and flexibility of depressive disorders, which establish as pathological subtle forms of suffering, correspond to logic of intensification of performance of certain individual capacities indispensable to contemporary capitalism. Keywords: Depressive disorders. Contemporary capitalism. Human capital. Conduct of life. Depressive epidemic. TROUBLES DÉPRESSIFS ET CAPITALISME CONTEMPORAINCet article a pour but de montrer comment l’évolution de la nosologie psychiatrique de la dépression peut se rapporter à certaines exigences du capitalisme contemporain. D’abord, nous étudions les conceptions de troubles dépressifs depuis la troisième édition du Manuel Diagnostique et Statistique des Troubles Mentaux (DSM), qui a établi le paradigme psychiatrique actuel, en nous concentrant surtout sur les deux dernières versions (DSM-IV et DSM-5). À côté de la Classification Internationale des Maladies de l’OMS, les éditions les plus récentes du manuel sont les principaux systèmes de classification de la psychiatrie, en orientant la pratique clinique et en fondant conceptuellement l’idée actuelle de l’épidémie dépressive. Ensuite, nous faisons voir comment la théorie économique du capital humain, développée par des économistes néolibéraux de l’École de Chicago, devient une valeur sociale, qui, acceptée et diffusée largement, guide la conduite de vie des individus dans les sociétés libérales avancées et dans les sociétés tiers-mundistes. Nous soutenons, ainsi, que la ramification et l’assouplissement systématiques des troubles dépressifs, qui établissent comme pathologique des formes subtiles de souffrance, correspondent à la logique d’intensification de la performance des certaines capacités individuelles indispensables au capitalisme contemporain. Mots-clés: Troubles dépressifs. Capitalisme contemporain. Capital humain. Conduite de vie. Epidémie dépressive.