ESCRITO EM VERMELHO: a construção do discurso sobre criminalidade e linchamento no jornal

A literatura descreve a prática de linchamentos como vigilantismo, fatos que surgem em contextos nos quais os preconceitos e a intolerância seriam constantemente atualizados. Tais reações negativas acabariam por promover a violência física ao produzir justificativas para os atos agressivos de caráte...

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Detalles Bibliográficos
Autores principales: Torres de Cerqueira, Rafael, Vilar Noronha, Ceci
Formato: info:eu-repo/semantics/article
Lenguaje:Portugués
Publicado: Universidade Federal da Bahia 2006
Materias:
Acceso en línea:https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/18756
http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/39137
Descripción
Sumario:A literatura descreve a prática de linchamentos como vigilantismo, fatos que surgem em contextos nos quais os preconceitos e a intolerância seriam constantemente atualizados. Tais reações negativas acabariam por promover a violência física ao produzir justificativas para os atos agressivos de caráter privado. Contudo, é, sobretudo, no discurso do linchamento que as concepções culturais, que engendram respostas sociais sob a forma da vendeta, são expostas. Para fins de análise coletamos as matérias do jornal A Tarde, de 1997 a 2001, o que resultou em 166 casos de linchamento. Com estas matérias organizamos o corpus de pesquisa para apreender as representações sociais do linchamento. O modo de narrar esses atos de fúria coletiva revela-se em um discurso ambíguo e lacunar sobre as vítimas do linchamento. Em contraste, se reforça a descrição do ator-agressor como uma força social legítima, qualificada com termos que denotam aprovação popular à eliminação física dos “indesejáveis”. Interessa-nos pensar a violência do linchamento como algo que se constituí como uma prática de controle sobre “os perigosos”, contribuindo para reproduzir exclusões reais ou simbólicas. PALAVRAS-CHAVE: violência, criminalidade, linchamento, mídia, justiça popular.WRITTEN IN RED: the construction of a discourse about lynching and criminality in a newspaper in Salvador Rafael Torres de Cerqueira Ceci Vilar Noronha Literature describes lynching as vigilantism, facts appearing in contexts where prejudice and intolerance are constantly renewed. Such negative reactions end up promoting physical violence as they present justifications to private aggressive actions. However, it is above all in discourses about lynching that cultural concepts that beget social responses in the form of vendetta are exposed. We sampled newspaper articles from A Tarde, from 1997 to 2001, that resulted in 166 cases of lynching. With these articles we organized a corpus of research to aprehend the social representations of lynching. The way to tell these acts of collective fury are shown in an ambiguous and faulty discourse about lynched victims, contray to the description of the actor-aggressor as a legitimate social force, shown in terms that denote popular favor to the physical elimination of “undesirables”. It is interesting to think of the violence of lynching as something that constitutes a way to control the “dangerous ones”, contributing to recreate real or symbolic exclusions. KEYWORDS: violence, criminality, lynching, media, popular justice.ECRIT EN ROUGE: la construction du discours sur la criminalité et sur le lynchage dans un journal de Salvador Rafael Torres de Cerqueira Ceci Vilar Noronha Dans la littérature, le lynchage est décrit comme une pratique de surveillance, il s’agit de faits qui surgissent dans des contextes où les préjugés et l’intolérance seraient constamment mis à jour. Des telles réactions négatives finiraient par engendrer la violence physique du fait qu’elles produisent des justificatifs à des actes agressifs de caractère privé. Cependant, c’est essentiellement dans les discours à propos du lynchage que les conceptions culturelles, qui engendrent des réponses sociales sous forme de vendetta, sont exposées. Pour en faire une analyse, nous avons relevé les articles y relatifs dans le journal “A Tarde” de 1997 à 2001, ce qui nous a permis de relever 166 cas de lynchage. Le corpus de notre recherche a été organisé à partir de ces articles pour en saisir les représentations sociales. Le style de narration de ces comportements de fureur collective démontre un discours ambigu et lacunaire quant aux victimes du lynchage. En contrepartie, la description de l’acteur-agresseur, considéré comme une force sociale légitime, est renforcée par des termes qui dénotent une approbation populaire pour l’élimination physique de ceux qui sont “indésirables”. Il nous semble intéressant de réfléchir à la violence du lynchage comme à un phénomène qui devient une pratique permettant de contrôler les individus “dangereux” et favorise des exclusions réelles ou symboliques. MOTS-CLÉS: violence, criminalité, lynchage, médias, justice populaire.Publicação Online do Caderno CRH:http://www.cadernocrh.ufba.br