Sumario: | Este livro nos propõe recorrer as principais referências teóricas da filosofia política moderna. Converteu-se em lugar comum afirmar que esta distingue-se da filosofia política clássica porque na primeira a reflexão sobre a vida política realiza-se à margem de todo tipo de consideração ética ou moral. Se nos tempos antigos a pergunta sobre a política ia indissoluvelmente ligada a uma exploração de caráter moral, o que ocorre com o advento da modernidade é que dita amálgama descompõe-se e a análise política torna-se totalmente independente do juízo ético. Esta visão convencional, que encontramos repetida em numerosos textos e tratados introdutórios à teoria política, é perigosamente simplificadora e, por isso mesmo equivocada. O que efetivamente aconteceu com a filosofia política moderna é que as preocupações éticas do período clássico passaram para um segundo plano, mas não desapareceram. Produziu-se, então, uma rearticulação entre a reflexão centrada no “ser” e aquela encaminhada a desentranhar o “dever ser”, mas de nenhuma maneira isso se traduziu em um divórcio entre ambas preocupações, ao menos se consideramos as principais cabeças na história da filosofia política moderna. Divórcio que, como o prova a falida tentativa de Max Weber de elaborar uma ciência social “livre de valores” no começo do século XX, está irremediavelmente condenado ao fracasso independentemente do calibre intelectual de seus proponentes.
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