Sumario: | Ao longo da última década, um total de 22 países latino-americanos formalmente reconheceram a Palestina como Estado soberano. O que motivou essa onda de reconhecimento, assim como outros gestos de apoio que se seguiram? O artigo analisa as decisões tomadas pelos governos desses países no contexto da intensificação da cooperação Sul-Sul e do discurso de solidariedade, assim como as iniciativas concretas lançadas a partir dos acordos de cooperação. O argumento central é que o reconhecimento do Estado palestino por países latino-americanos reflete um processo duplo de legitimação política. Do lado palestino, a manobra diplomática representa o reconhecimento não apenas de um conjunto de indivíduos, e sim de uma nação palestina com história e identidade próprias, digna de atuar no plano internacional em pé de igualdade jurídica com os demais Estados. Para os Estados da América Latina, o reconhecimento formal da Palestina também tem peso simbólico importante, pois substancia o discurso de cooperação Sul-Sul e solidariedade promovido por muitos dos governos da região e abre portas para acordos e projetos de cooperação. No entanto, essa dupla legitimação depende da capacidade dos atores envolvidos de implementar e manter iniciativas concretas de cooperação em um contexto de elevada instabilidade no Oriente Médio e de contestação política.
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