Neste ensaio retomam-se os resultados a pesquisa desenvolvida junto a indígenas colombianos impactados pela política de substituição de cultivos ilícitos. Discute-se que, esse fenômeno geralmente associado à criminalidade e renda, no caso dos indígenas evidencia características diferenciadoras, isto é, apresenta ligações com problemáticas como desigualdade, exclusão e pobreza, derivadas do histórico conflito territorial. Não obstante, as estratégias da política pública que pretende mitigar essa problemática não consideram as particularidades dos atores envolvidos. A finalidade deste artigo é aportar informações fornecidas pelo estudo de caso e estimular uma reflexão em torno das evidências que indicam o descompasso entre essa política e a problemática que tenta mitigar. A partir desta análise afirma-se que essa política afeta negativamente as comunidades indígenas: ignora a autonomia territorial outorgada constitucionalmente e desconsidera a existência de dinâmicas próprias para contra-restar esse fenômeno. Nesse sentido, afloram questões de exclusão étnica que a constituição de 1991 tentou abolir.